O crédito rotativo é uma das modalidades de crédito mais onerosas disponíveis no mercado financeiro. Ele surge quando o cliente não paga o valor total da fatura do cartão de crédito até a data de vencimento, optando por pagar o valor mínimo ou qualquer quantia inferior ao total devido. Esse valor restante entra automaticamente no chamado crédito rotativo.
Como funciona o crédito rotativo?
Quando o pagamento mínimo da fatura é realizado, o saldo devedor restante é financiado automaticamente pelo banco emissor do cartão. Esse financiamento tem juros diários que incidem até o próximo fechamento da fatura. Na prática, o crédito rotativo funciona como um empréstimo de curto prazo com taxas elevadas, muitas vezes superiores a 300% ao ano.
Exemplo prático:
Imagine que você tem uma fatura de R$ 1.000 e decide pagar apenas R$ 200. Os R$ 800 restantes entram no rotativo e, no mês seguinte, estarão acrescidos de juros, IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e, possivelmente, multa. É assim que a dívida pode crescer rapidamente.
Por que o crédito rotativo é perigoso?
- Altas taxas de juros: mesmo após as regras do Banco Central limitarem o uso do rotativo a 30 dias, os juros continuam sendo os mais altos do mercado.
- Efeito bola de neve: o valor devido cresce exponencialmente em poucos meses.
- Comprometimento do orçamento: a fatura seguinte chega mais cara e exige pagamentos maiores, o que pode agravar o endividamento.
O que acontece após 30 dias no rotativo?
Desde 2017, o Banco Central determina que o consumidor pode permanecer no crédito rotativo por, no máximo, 30 dias. Após esse período, o banco deve oferecer uma linha de crédito parcelado com juros menores para quitação do saldo.
Essa medida busca evitar que a dívida cresça de forma incontrolável, mas nem sempre resolve o problema se o consumidor não mudar seu comportamento financeiro.
Alternativas ao crédito rotativo
- Pagamento integral da fatura: é sempre a melhor opção. Se possível, organize-se para pagar 100% do valor.
- Parcelamento da fatura: embora tenha juros, são menores do que os do rotativo.
- Empréstimo pessoal: dependendo do seu perfil de crédito, essa alternativa pode ter taxas mais baixas.
- Renegociação com o banco: é possível buscar condições mais vantajosas diretamente com o emissor do cartão.
- Uso de reservas de emergência: se você tiver um fundo de emergência, é o momento de utilizá-lo.
Como evitar cair no crédito rotativo
- Tenha controle total da sua fatura: acompanhe os gastos pelo aplicativo do cartão e saiba exatamente quanto será cobrado no fechamento.
- Evite parcelamentos desnecessários: eles comprometem seu limite e dificultam o controle financeiro.
- Estabeleça um teto de gastos no cartão: defina um limite de uso mensal abaixo do seu orçamento.
- Use o cartão apenas se puder pagar: o crédito deve ser encarado como um meio de pagamento e não como uma extensão da renda.
- Crie um fundo de emergência: ele pode ajudar em imprevistos sem a necessidade de recorrer ao rotativo.
Quando o rotativo pode ser inevitável?
Em algumas situações de emergência, o rotativo pode parecer a única opção. Nesses casos, o mais importante é:
- Reconhecer o uso do rotativo como medida excepcional e não recorrente;
- Agir rapidamente para quitá-lo ou parcelá-lo na fatura seguinte;
- Evitar que o uso se torne um hábito.
Conclusão
O crédito rotativo é uma armadilha perigosa que deve ser evitada sempre que possível. Seu uso recorrente pode levar ao endividamento crônico e comprometer seriamente a saúde financeira. Conhecer seu funcionamento, entender suas consequências e buscar alternativas mais saudáveis são passos essenciais para manter o cartão de crédito como aliado — e não como vilão. No próximo artigo, veremos como organizar as finanças pessoais com o auxílio do cartão de crédito de forma segura e estratégica.
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